segunda-feira, 4 de agosto de 2008

PELO VINHO E PELO PÃO - A nova escalada mundial dos preços dos alimentos.


O que nos leva a uma perspectiva tão acentuada de inflação nos últimos meses? Por que os alimentos têm sido apontados como os vilões da escalada de preços? E que papel cada economia nacional ou regional representa no cenário mundial?
Bem, não se pretende aqui esgotar o assunto. Até porque cada um dos fatores apontados a seguir deverá ser analisado com mais profundidade do que um simples blog pretende fazê-lo. Ademais, o mercado internacional é resultado não somente da conjuntura econômica, mas também dos interesses políticos. Assim, como sabemos, cada lado vai procurar contar a sua versão da história... mas, vamos ver o que pode contribuir para entendermos melhor o que se passa:

1. AUMENTOU O CONSUMO NOS PAÍSES EMERGENTES.

A elevação nos níveis de consumo, principalmente no conjunto conhecido por BRIC (formado por Brasil, Rússia, Índia e China) tem, realmente, contribuído para um novo arranjo do mercado mundial. Ainda mais se considerarmos a representatividade destas quatro nações, em termos populacionais e econômicos (ver tabelas 1 e 2). Mas, “empurrar a conta” da inflação para os países pobres é uma distorção inaceitável, tanto quanto a acusação de que são os mais pobres os principais responsáveis pela degradação ambiental do planeta.


Não podemos aceitar uma justificativa neomalthusiana que tente impor restrições ao desenvolvimento e abastecimento dos mercados emergentes, até porque estes não se comportam de modo uniforme. Se, por um lado, a China é hoje o maior consumidor de aço, cimento e carvão mineral do mundo, exportando produtos industrializados de qualidade por vezes duvidosa e com uso de mão-de-obra muito barata, por outro lado temos o Brasil, que detém a mais avançada tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas, e terras suficientes para ser um dos maiores exportadores de alimentos do planeta, mas que precisa importar trigo e cevada, por exemplo.
Apesar dos números apresentados acima, a atual conjuntura inflacionária não se restringe aos países emergentes. Ao contrário, assola os quatro cantos do mundo, em intensidades e formas distintos. Nos países mais pobres, cuja economia é dependente da exportação de commodities, atinge a toda a população. Nos países ricos, é mascarada pelas pesadas políticas de subsídios, mas também existe. No Brasil... bem, aí a história é diferente, como veremos mais adiante.

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