quarta-feira, 11 de março de 2009

NADANDO EM DINHEIRO


Não bastassem as agruras cotidianas do povo, há sempre uma notícia nova para nos lembrar que o fundo do poço ainda não chegou. Basta ver o mais novo escândalo do Senado Federal: pagamento de horas extras para os servidores que não fazem nada em período de recesso parlamentar, quando os que nada fazem saem de férias. Coisa pouca, rombo de apenas R$ 6,2 milhões. Enquanto isso, a Câmara discute o aumento do salário para os parlamentares, chegando à equivalência dos R$ 24.500,00 pagos aos ministros do STF. Como deste aumento deriva um “efeito-cascata” em direção às Assembléias estaduais, o desembolso total pode chegar à casa de R$ 1 bilhão. Nada mal, não?
Vivemos num país rico, de fato (o que me faz lembrar, mais uma vez, daquela maldita carta de Caminha ao Rei de Portugal. GRRRRR!!!!) e, por isso, não há problema algum em um desperdiciozinho de nada... Acabamos de devolver ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) US$ 57 milhões que deveriam ter sido usados em obras de saneamento básico. Deveriam, mas não foram. Afinal, somos um país rico, com apenas 48 milhões de habitantes vivendo sem rede de coleta de esgoto, ou 25% da população. Irrisório!
Somos também o país da mais alta taxa de juros em toda a economia mundial, mesmo com a crise (ah, desculpe, aqui é só uma marolinha). Pelo menos temos a certeza de que, no Brasil, os bancos não vão quebrar. Graças, obviamente, a essa generosa política econômica, que continua a privilegiar o capital. Mas não a necessidade de trazer água e saneamento para todos.
Dinheiro não falta, mesmo. Mais obras estão sendo anunciadas no PAC (e o saneamento básico?), pela ministra Dilma. Afinal, com tantas viagens e tão poucas obras a serem inauguradas... ela deve estar viajando pra avisar o que será feito. Quando, eu não sei. Mas não se preocupem. Afinal, o Senado designou o ínclito parlamentar Fernando Collor para a Comissão de Infraestrutura. Já está sendo chamado de “gerente do PAC”.
Enquanto isso, os índices educacionais do país só fazem piorar, mas isso não é nada. Afinal, o próprio presidente se orgulha de não ter estudado. Chegou ao mais alto posto do país e, apesar de mensalões, dólares em cuecas e outros escândalos, chegará incólume ao final de seu mandato. Graças, dentre outros artifícios, a uma política populista chamada Bolsa-Família. Distribuição de dinheiro sem muito critério em troca de votos (e o dinheiro pro saneamento, como fica?). Em homenagem a esta política altruísta, foi feita uma marchinha de carnaval, até. Só não entendi por que é que censuraram a musiquinha...
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