quarta-feira, 25 de março de 2009

O BURRO, A CENOURA E A CARROÇA


O governo do estado de São Paulo anunciou hoje alterações para o programa de distribuição de bônus aos professores da rede pública. Criado com o objetivo de “incentivar a freqüência”(!!!) dos profissionais de ensino, o programa foi reformulado, visando agora atender a critérios de produtividade.
De forma análoga, a prefeitura do Rio de Janeiro também adota tal política, defendida veementemente pela secretária de educação Claudia Costin. Na visão da secretária, os profissionais de melhor desempenho devem ser agraciados com prêmios em dinheiro, o que, em tese, incentivaria também outros profissionais a buscarem o bônus.
Não sou contrário à utilização de políticas de incentivo a profissionais do setor público da mesma forma que se faz na iniciativa privada. Entretanto, creio que tal visão seja simplória, reducionista. Ao que parece, pouco importa descobrir quais os reais motivos para que a grande maioria dos profissionais de ensino no setor público não alcancem as tais “metas de produtividade” e não recebam as cobiçadas premiações.
A política educacional de nosso país é um imenso equívoco, em todos os sentidos, é estrutural e não se resolve com a distribuição de esmolas. Além da má formação do profissional de ensino, as condições laborais (infraestrutura, jornada de trabalho, remuneração, etc.) são um desincentivo à qualidade dos serviços de educação. Entretanto, parece ser bem mais fácil adotar a presente política de distribuição de bônus aos profissionais. Enquanto a grande maioria é mantida com salários irrisórios, a uns poucos é oferecido um regalo, que não será incorporado ao salário, para que o sistema continue a apresentar números positivos. A oferta desses bônus me faz lembrar a imagem do sitiante que, para fazer o burro puxar a carroça, amarra uma cenoura na ponta de uma varinha.

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