terça-feira, 16 de dezembro de 2008

UNASUR - MORTE ANTES DA VIDA


O Council on Hemispheric Affairs - COHA (Conselho para Assuntos do Hemisfério) publicou hoje um artigo intitulado Death before Life? Disagreements over Leadership as National Agendas Divide South America, Dashing Argentina’s Unasur Prospects (Vida antes da morte? Discordâncias sobre liderança como objetivo nacional divide a América do Sul, frustrando as perspectivas da Argentina em relação à Unasur, em tradução livre). O texto, escrito por Alex Sánchez e Andrea Moretti, apresenta o que para muitos seria o principal problema da Unasur: a disputa política entre os presidentes dos países-membros, quase uma guerra de egos.
Os problemas da Unasur não são pequenos, tampouco recentes. Daí a sensação de tratar-se de uma entidade natimorta. Em 30 de maio deste ano apresentei uma palestra na Universidade Veiga de Almeida, no Rio, intitulada Desenvolvimento regional e soberanias nacionais no Mercosul, em que abordei os problemas da criação da Unasur da seguinte forma:

1)
Sua criação pode causar um certo desconforto às soberanias nacionais, posto que seu funcionamento independe da aprovação dos parlamentos nacionais. Se todos os países-membros são Estados democráticos, porquê o medo de apresentar a idéia da Unasur aos parlamentos?
2) Está prevista a criação de um Conselho de Defesa, mas sem poder de intervenção.
Há diversas disputas políticas que devem ser resolvidas antes da homologação do acordo. Anteriormente ao veto do presidente Tabaré Vasquez ao nome de Kirchner para a Secretaria-Geral do bloco, o presidente da Colômbia recusou veementemente o cargo, ao final da primeira reunião da Unasur.
3) De que modo o Banco do Sul irá lidar com os contenciosos econômicos recentes? Quem irá auditar empréstimos e dívidas dos países-membros? E, depois disso, quem se candidatará a emprestar mais dinheiro?

Ao contrário do que pensava o presidente Lula, ao final da reunião que marcou a fundação da Unasur, a união da América do Sul parece ainda estar longe. Lula afirmava que "uma América do Sul unida mexerá com o tabuleiro do poder no mundo". Esse sonho, embora viável, parece muito longe. Pelo menos é menor que o ego de alguns de seus governantes...

Para ler a íntegra do artigo do COHA, clique aqui. Para ver o slideshow da minha palestra, clique aqui.

Nenhum comentário: