quinta-feira, 27 de novembro de 2008

PARA PENSAR...

O post de hoje vem do ex-blog do quase ex-prefeito Cesar Maia que, de vez em quando, escreve algo mais ou menos coerente... O texto a seguir foi postado no dia 26/11.

Uma coisa é comemorar a queda estatística da pobreza com o dólar a R$ 1,60. Outra coisa é o dólar a R$ 2,40.
1. Mede-se pobreza com pessoa que recebe 1 dólar ao dia. Eram 48 reais. Agora os cálculos têm que ser feitos a 72 reais por pessoa. Quantos voltam para baixo da linha de pobreza? IBGE e FGV poderiam dizer.
2. O Salário Mínimo era de 259 dólares e agora está em 178 dólares (6 dólares/dia). Lula disse que nunca ficaria abaixo de 200 dólares. Já está.
3. O Bolsa Família média era de R$ 112,00 ou 70 dólares. Agora está em 48 dólares e na segunda-feira chegou a 44.
4. Muitas pessoas estão retornando aos braços estatísticos da pobreza. Provou-se: superar a pobreza não é apenas transferir renda monetária.

Bem, antes que você me diga que a variação dos preços ao consumidor (felizmente) não acompanhou a louca flutuação da cotação do dólar nos últimos dias, devo lembrar que a metodologia dos estudos sobre a pobreza utiliza o dólar como padrão de referência. Por isso, Maia está correto ao dizer: "Mede-se pobreza com pessoa que recebe US$1 ao dia". E, nesse aspecto, o poder aquisitivo do brasileiro caiu mesmo. Não apenas para os mais pobres, mas para a sociedade em geral. Vários preços são cotados em dólar, não há como fugir disso.
Sem querer defender ou condenar o presidente, não é justo vangloriar-se de um salário mínimo de 259 dólares antes e querer desmerecer a comparação agora, com o câmbio desfavorável. Há muito tempo sabia-se que a cotação da moeda norte-americana era surreal, embora mantida porque era bastante favorável à balança comercial, e não por uma mera condição de mercado que louvava a cotação flutuante (ao contrário de FHC que "congelou" covardemente a paridade real-dólar em função de seus interesses eleitoreiros).
Ao que parece, no final dirão que a culpa é das estatísticas. A atual metodologia será criticada, condenada e crucificada por produzir números desfavoráveis. E um novo gênio da economia irá propor uma nova equação capaz de pintar o quadro da pobreza em novas cores, tal qual se faz com os índices oficiais de educação e saúde no país.

Nenhum comentário: