quarta-feira, 12 de novembro de 2008

É GRAVE A CRISE


Há algum tempo venho analisando as principais causas e algumas das conseqüências da atual crise econômica que se abateu sobre o mercado global. Com certeza, como toda crise, é passageira, mas não imediata - o que afasta por completo a hipótese da marolinha.
Por ser grave, não atingiu somente a porção especulativa do mercado, mas se faz sentir sobretudo em sua parcela produtiva. Tanto que afeta sobremaneira a indústria automobilística em todo o planeta.
Mais que gerar bens que conferem status, a indústria automobilística mexe com uma grande parcela do mercado produtivo, seja através das indústrias correlatas (pneus, vidros, equipamentos eletrônicos, etc.), seja por movimentar mercados de outros insumos, como combustíveis e óleos lubrificantes.
As montadoras representam, também, ícone da saúde do mercado financeiro, por oferecerem bens de consumo duráveis que, aqui no Brasil e em diversos outros países, só seriam acessíveis em condições de financiamento de longo prazo (eram vendidos com prazos de até 60 meses, há pouco tempo). Portanto, a crise de confiança que se abateu nos bancos, "enxugou" os prazos de financiamento de veículos e outros bens, deixando a parcela de menor poder aquisitivo da população ainda mais longe de seus sonhos de consumo.
O reflexo disso já se faz presente, com a maxidesvalorização das ações da GM na bolsa de Nova York, por exemplo. Ou no pedido do presidente eleito, Obama, para que o atual, Bush, acene para o mercado com um programa de socorro às montadoras. Aqui no Brasil, os governos dos estados de São Paulo e Minas Gerais lançaram pacotes de ajuda às indústrias, na tentativa de amenizar o problema.
Mas a gravidade do fato não está no rumor de "quebra" da GM no ano que vem. Está no fato de que o grupo PSA (controlador das marcas Citroën e Peugeot) demitiu, na segunda-feira passada, cerca de 1.000 funcionários... na China! Em um lugar que é mundialmente conhecido pela mão-de-obra extremamente barata e abundante, uma demissão em massa é algo para nos fazer pensar. Pensar que a crise não é tão superficial nem tão breve quanto alguns possam querer crer.

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