terça-feira, 4 de novembro de 2008

ESSA TAL DEMOCRACIA


Estamos no dia do que alguns julgam ser o mais importante evento do planeta: a eleição para a presidência dos EUA. Citado como baluarte da democracia no mundo, os Estados Unidos apresentam, a meu ver, uma visão bastante peculiar do que venha a ser democracia...
É público e notório que os sucessivos governos estadunidenses desprezam os direitos humanos, sempre em função de seus interesses diretos. Senão, como explicar Guantánamo? E o apoio a Saddam Hussein, quando lhes convinha? E o que dizer da Arábia Saudita?
Bem, mas as eleições são para presidente dos EUA, não para secretário-geral da ONU. Então preciso me ater aos fatos, ou às linhas de fronteira americanas. E aí me vêm à mente os casos recentes de fraude nas eleições presidenciais em Ohio e na Flórida, que ajudaram a “eleger” George W. Bush. Pra quem não lembra, nesses estados em particular aconteceram fraudes vergonhosas, que fariam corar o Pinochet, o ACM e o Caixa D’Água...
Delegados ultraconservadores – e racistas – do Partido Republicano tentam anular, em todo o país, registros de votação de eleitores em comunidades favoráveis ao candidato do Partido Democrata (um pouco menos conservador), Barack Obama.
Vale a pena lembrar também que o modelo eleitoral nos EUA é um tanto complicado. Pra começar, a eleição para presidente não é feita de modo direto. Os eleitores escolhem diretamente entre os candidatos, mas a maioria dos votos em cada estado é computada no sentido de saber para quem vão os votos dos... delegados! Pra piorar, o sistema é autônomo em cada um dos 50 estados. Ou seja, cada estado é livre para determinar as regras eleitorais, bem como o conteúdo das cédulas (pode-se, por exemplo, incluir um plebiscito com questões locais). Além disso, o sistema de votação (urnas eletrônicas ou mecânicas) também é de escolha de cada estado, o que amplia a margem para distorções e fraudes. Foi graças a uma dessas fraudes descaradas, no estado da Flórida, governado por Jeb Bush, que seu irmão, George, ganhou as eleições de 2000, quando concorreu contra Al Gore.
O assunto até virou sátira, como no episódio de Os Simpsons, em que Homer tenta votar em Obama mas seu voto vai para Mc Cain. E ainda tem gente que acha que os EUA são o grande pilar da democracia... Como dizia o general Golbery, o importante não é ganhar a eleição, e sim a apuração!

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