quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A ILUSÃO DAS ESTATÍSTICAS (2)


A análise multivariada é utilizada na Geografia com o objetivo de estabelecer indicadores e variáveis capazes de descrever estatisticamente um determinado tema e possibilitar a correspondente diferenciação da área sob investigação.
Por exemplo: Suponha que você precise estabelecer áreas geográficas para a divulgação dos resultados de uma investigação, como por exemplo, o censo demográfico para o ano 2000. Seu objetivo, portanto, é o de estabelecer unidades territoriais (área física) que atendam aos seguintes requisitos:

a) serão observados os municípios com população igual ou maior que 500.000 habitantes, independente de sua área;
b) a unidade deverá ser menor que o município e maior que um setor censitário;
c) o estudo contemplará somente as áreas urbanas dos municípios.

Bem, nesta primeira fase, você estabeleceu os parâmetros territoriais da análise, ou seja, o cenário onde serão apresentados os resultados do Censo 2000. É necessário, ainda, estabelecer os indicadores e suas respectivas variáveis. Vejamos, então, quais podem ser os indicadores:

O primeiro indicador pode dizer respeito à condição da vida urbana da cidade, já que estamos tratando de áreas urbanas municipais. Vamos chamá-lo de estrutura urbana básica. Para fins da nossa pesquisa, considera-se estrutura urbana básica o equipamento urbano disponível. Assim, foram escolhidas as seguintes variáveis para compor o presente indicador:
1) número de agências bancárias;
2) número de postos de saúde;
3) número de escolas públicas de ensino fundamental;
4) número de estabelecimentos comerciais e de serviços.

O segundo indicador pode ser relativo ao perfil socioeconômico da população residente, sendo conceituado como o indicador das condições de vida da população, por contemplar o poder aquisitivo e o acesso aos serviços de consumo coletivo. Suas variáveis são as seguintes:
5) renda média familiar;
6) proporção da população com conta corrente em agência bancária, em relação à população total observada;
7) proporção de domicílios servidos por rede geral de abastecimento de água, em relação ao total de domicílios observados;
8) proporção de domicílios servidos por rede geral de coleta de esgoto sanitário, em relação ao total de domicílios observados;
9) proporção de domicílios servidos por coleta de lixo, em relação ao total de domicílios observados;
10) proporção da população com 14 anos ou mais, que não sabe ler nem escrever, em relação ao total da população de 14 anos ou mais observada;
11) proporção da população entre 7 e 14 anos que freqüenta escola, em relação ao total da população entre 7 e 14 anos observada;
12) densidade de ocupação da unidade domiciliar (número de habitantes por residência).

O terceiro e último indicador utilizado é o da estrutura funcional do município, que tem por objetivo descrever a organização das atividades econômicas. Para tanto, serão utilizadas as seguintes variáveis:
13) proporção de unidades prediais ocupadas por atividades econômicas, em relação às unidades de fim residencial;
14) número de unidades com fins comerciais, em relação ao total de unidades com fim econômico;
15) proporção da PEA (População Economicamente Ativa) ocupada em atividades de comércio, em relação à PEA total do município;
16) proporção da PEA (População Economicamente Ativa) ocupada em atividades do setor secundário, em relação à PEA total do município.

A partir daí, devem ser escolhidas as ferramentas de análise, ou seja, os instrumentos necessários à obtenção do resultado esperado. Lembramos que o objetivo desta pesquisa, como descrito acima, é o de estabelecer áreas geográficas para a divulgação dos resultados do censo demográfico para o ano 2000. em primeiro lugar, ao contrário do que se pensa, devemos levantar os dados referentes às variáveis (1 a 16). A delimitação das áreas geográficas será feita tendo como critério a similaridade das mesmas, com base nos dados obtidos. Isso significa que uma determinada área será considerada semelhante a outra de acordo com os indicadores propostos. Desta forma, estaremos procedendo, ao final, a uma divisão regional do território observado, em função do agrupamento de áreas, de acordo com os indicadores. O próximo passo – e final – é o mapeamento dos resultados obtidos.

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