terça-feira, 16 de setembro de 2008

QUANTO VALE UMA VIDA?

Por várias vezes você já deve ter feito ou pode ter se deparado com esta pergunta. Quanto vale uma vida? E, costumeiramente, a resposta tende a ser a mesma: “uma vida não tem preço”!
Mesmo considerada insólita, a questão logo que formulada recebe respostas invariavelmente complexas, com fundamentos na sociologia, filosofia, antropologia, direito, teologia e outros. Nem mesmo os mais ortodoxos materialistas se atrevem a formular uma resposta direta, ou melhor, baseada em números. Mais do que isso, uma resposta baseada em cifras monetárias.
Entretanto, a vida cotidiana insiste em contradizer os valores éticos da sociedade. Os jornais de hoje, aqui no Rio de Janeiro, noticiam que a família do menino João Roberto, de 3 anos de idade, morto no dia 7 de julho deste ano, receberá do governo do estado do RJ uma pensão no valor de R$ 4.150,00 (equivalente ao salário do pai do menor) durante seis meses, perfazendo um total de R$ 24.900,00. A criança foi atingida por um tiro disparado por PM’s que confundiram o carro da mãe com o de assaltantes em fuga, numa rua da Tijuca, a poucos metros de uma delegacia.
Além disso, a decisão da juíza responsável pelo caso obriga o estado a custear tratamento psiquiátrico no valor de três salários mínimos (R$ 1.245,00) durante três meses, para cada um dos cinco membros da família. Com os números ora apresentados, o valor total da indenização chega a R$ 43.575,00, como forma de reparação pela morte do menino.
Declaro aqui minha ignorância em Direito. Não sei quais os parâmetros a serem utilizados em cálculos desta natureza, embora saiba que os valores presentes são temporários, não perfazendo a demanda definitiva dos familiares. Entretanto, é fato que esses pedidos de indenização acabam, de certa forma, por “quantificar” a vida. É importante lembrar também que o governo estadual irá recorrer de tal decisão. Mas o preço da vida tem outras faces bem mais tenebrosas que essa...

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