quinta-feira, 11 de setembro de 2008

DRAGÃO CHINÊS - A ORGANIZAÇÃO DO CAMPO


Nos últimos vinte anos, a estrutura do contingente populacional da China mudou consideravelmente. Se em 1990 74% dos chineses viviam no campo, hoje este contingente alcança meros 56%. Ao mesmo tempo, o campo vem sendo preparado – assim como a cidade – para a inserção do país na Organização Mundial do Comércio, condição alcançada em 2001 com o apoio do Brasil.
Vista como a terra dos produtos baratos, a China enfrenta um problema substancial no campo, com o preço interno de produtos como milho e trigo superiores à média mundial. A maior abertura do mercado chinês, a partir de sua nova condição de player global, associada à reforma agrária e ao desenvolvimento urbano-industrial, tem levado ao esvaziamento do campo. A expansão do comércio internacional de produtos agrícolas levou a China a acelerar o ajuste agrícola e impeliu parte da força produtiva para as cidades.
Segundo o site da
Embaixada da República Popular da China no Brasil, o número da população chinesa rural foi reduzido em mais de 80 milhões entre 1996 a 2006, de acordo com os resultados do censo nacional sobre a agricultura da China, de acordo com o censo divulgado pelo Departamento Nacional das Estatísticas (DNE). O esvaziamento do campo se dá, em parte, porque, de acordo com Dang Guoying, autor de Realizações agrícolas e reforma rural na nova China, artigo publicado no livro Abrindo os olhos para a China, “os investimentos realizados pelo governo ainda são deixados para trás, e a estrutura de investimento é irracional”. Ou seja, os investimentos em infra-estrutura agrícola são inadequados, não sendo suficientes para suportar calamidades naturais, como enchentes ou terremotos.
Por outro lado, as necessidades urbanas de desenvolvimento, associadas à perspectiva – ainda que tênue – de melhor qualidade de vida, impulsionam milhões (sem exagero) de migrantes todos os anos em território chinês. Uma estimativa conservadora indica que uma força de trabalho de 200 milhões será transferida das áreas rurais para as cidades nos próximos 30 anos. Ainda segundo Dang, “é um projeto social hercúleo. Atualmente, várias grandes cidades no país têm implementado medidas restritivas ao emprego de trabalhadores camponeses. Como resultado, a livre transferência da força de trabalho rural é restringida”. Associe-se a isso outros problemas, tais como os defeitos do sistema rural de propriedade de terra, a educação atrasada nas áreas rurais, a cultura mais arraigada, que privilegia o nascimento de filhos homens e incentiva o aborto de bebês do sexo feminino, e os problemas no sistema de previdência social do Estado e teremos uma bomba-relógio prestes a explodir.

Que foi? Achou que reforma agrária e êxodo rural eram problemas só do Brasil?

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