quarta-feira, 6 de agosto de 2008

PELO VINHO E PELO PÃO - A nova escalada mundial dos preços dos alimentos (3).


Continuando o assunto, apresento mais dois fatores que justificam a acentuada elevação dos preços de produtos agropastoris no Brasil e no mundo. Como podem ver, é algo mais complexo que os artigos de jornal podem fazer crer. Mas prometo encerrar a discussão em breve!

4. Elevação dos preços do petróleo.

A elevação dos preços do combustível no mercado internacional (cujas razões podemos discutir num outro post) tem relação direta e indireta com o aumento dos preços dos alimentos e dos índices de inflação ao redor do mundo. Vejamos:
A primeira razão, bastante óbvia, diz respeito aos custos de transportes dos alimentos. Caminhões, navios, trens e mesmo aviões utilizados para transportar produtos mundo afora se utilizam de querosene, gasolina e diesel, subprodutos do petróleo. Daí, o aumento dos preços dos combustíveis faz-se quase automaticamente sentir nos preços dos produtos, que é repassado ao consumidor final.
Além disso, a elevação dos preços do petróleo e seus derivados implica no maior custo de produção de diversos insumos agrícolas, tais como fertilizantes e pesticidas, responsáveis por uma crescente parcela da produtividade no campo. Também o beneficiamento de produtos de origem agropastoril se utiliza de derivados do petróleo, presente em conservantes, por exemplo. Esse custo também se estende às embalagens, principalmente ao plástico e ao isopor.

5. Crises político-econômicas em países exportadores.

A crise política que vem dominando a Argentina praticamente paralisou o comércio internacional de nossos vizinhos. A política restritiva às exportações adotada pelo governo de Cristina Kirchner (ou seria de seu marido Nestor???) impuseram uma abrupta queda no volume de exportações de carne e trigo para o Brasil, seu maior parceiro comercial, com o objetivo de reter os produtos em solo argentino e, assim, aliviar as pressões de demanda do mercado local. Entretanto, o governo Kirchner teve que enfrentar a rebelião dos ruralistas – que simplesmente queriam vender seus produtos a quem pagasse mais, ou seja, aos brasileiros – originando uma crise que agravou o quadro de desabastecimento. Por outro lado, isto também significou uma elevação dos preços dos derivados de trigo (pães, massas, biscoitos) e da carne no mercado brasileiro. É a interdependência dos mercados falando mais alto...

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